Das ruas do Bronx ao palco do Sadler’s Wells, em Londres, o hip hop trilhou um longo caminho nos últimos 30 anos. Lyndsey Winship confere as novidades de um dos mais badalados patrimônios culturais da dança hip hop do Reino Unido.
Assim como o blues, o hip hop é arte popular. Nasceu da vida cotidiana, como forma de expressão de pessoas que não tinham como se fazer ouvir e mostrar sua situação de outro modo. E assim como o blues, o hip hop cresceu e foi adotado por outras pessoas situadas, socialmente e geograficamente, há quilômetros de distância de seus criadores. Embora o rap tenha se tornado o lado mais visível do hip hop, levando seu estilo, som e movimentos para a MTV e além, segundo Robert Hylton – street dancer e diretor da companhia londrina Urban Classicism –, o hip hop não é apenas uma batida, um visual ou um passo de dança específico. “O hip hop, essencialmente, tem a ver com pessoa”, diz ele. “Tem a ver com a comunidade; com auto-aprendizado e positividade. No hip hop, existe um espírito que faz você sentir orgulho de si próprio.”
A dança hip hop é apenas um dos elementos de um cenário que inclui a arte do grafite e o trabalho dos DJs e MCs, e que se desenrolou em Nova York no início dos anos 70, nos bairros carentes dos negros do Bronx. Aqueles jovens podiam não ter nenhuma esperança de futuro ou dinheiro, mas souberam criar sua própria diversão. Em festas nos conjuntos habitacionais, os DJs tocavam discos de funk e os dançarinos (b-boys e b-girls) apareciam para mostrar suas habilidades, exibindo-se durante os solos de percussão. Mais que diversão ou hobby, o hip hop era um estilo de vida.
E agora, todos esses estilos se encontram na companhia de Hylton, a Urban Classicism, onde ele faz uma fusão de estilos de rua com dança e balé contemporâneos, criando um produto híbrido só seu, desenvolvido a partir de sua própria vida e circunstâncias – o que, diga-se, é de uma sensibilidade bem hip hop. Um exemplo é seu espetáculo mais recente, Verse & Verses, em que Hylton injeta nos passos de balé a energia e impulso da street dance; desenvolve seqüências de break da mesma maneira que se poderia incluir um motivo contemporâneo; e combina o imediatismo da arte popular com uma consideração mais pensada do espaço, forma e música.
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